Mudanças entre as edições de "Padre Caramuru"
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− | José da Silva Figueiredo Caramuru, o Padre Caramuru, nasceu em Paraty, atual Estado do Rio de Janeiro, | + | José da Silva Figueiredo Caramuru, o Padre Caramuru, nasceu em Paraty, atual Estado do Rio de Janeiro, por volta de 1840. |
− | Polímata, foi sacerdote, político, abolicionista e médico prático, tendo sido uma figura marcante do Município de Cambuí, onde hoje empresta seu nome | + | Polímata, foi sacerdote, político, abolicionista e médico prático, tendo sido uma figura marcante do Município de Cambuí, onde hoje empresta seu nome a uma das ruas centrais dessa cidade. |
Nas palavras de um seu descendente - o padre teria tido filhos com mulheres diferentes - seu pai fora um "potentado" do rico porto de Paraty e destinara seu filho ao sacerdócio, vocação a que seguiu mais por obediência do que por devoção. | Nas palavras de um seu descendente - o padre teria tido filhos com mulheres diferentes - seu pai fora um "potentado" do rico porto de Paraty e destinara seu filho ao sacerdócio, vocação a que seguiu mais por obediência do que por devoção. | ||
− | Caramuru dissera ao pai que não desejava ser padre, pois desejava casar-se, ao que o pai retrucara: | + | Caramuru dissera ao pai que não desejava ser padre, pois desejava casar-se, ao que o pai retrucara: e quem te diz que não é possível ser padre e ter mulher? A história - ou anedota - revela a mentalidade que, embora paradoxal, era bastante comum entre o clero brasileiro do século XIX, eminentemente secularizado e político. Era a época do padroado, da qual este padre foi um típico representante. |
− | Após passar por outras paróquias do então bispado de São Paulo, na década de 1870 chegou | + | Após passar por outras paróquias do então bispado de São Paulo, na década de 1870 Caramuru chegou a Cambuhy, onde encontrou clara resistência e ácidas críticas, publicadas e respondidas, inclusive, na imprensa. |
Era membro do partido Liberal e abolicionista, tendo alforriado seu escravo. | Era membro do partido Liberal e abolicionista, tendo alforriado seu escravo. | ||
− | Numa época em que a medicina era praticamente ausente no interior do Brasil exercia-a informalmente, auxiliando em partos realizados na extensa zona rural de sua paróquia. Para tanto, | + | Numa época em que a medicina era praticamente ausente no interior do Brasil, exercia-a informalmente, auxiliando em partos realizados na extensa zona rural de sua paróquia. Para tanto, valia-se o padre de manuais de medicina, como o de Chernoviz. Um destes, importado da Dinamarca, vaticinava que pertenceria a um de seus descendentes, que se formaria em Medicina. E sua profecia teria se cumprido. |
− | Conforme dito por um outro alegado descendente | + | Conforme dito por um outro alegado descendente, retornando o padre de uma viagem, teria se deparado com obras na igreja matriz, promovidas por iniciativa do juiz Carlos Cavalcanti, assassinado em 1923. Irritado, sofreu um mal súbito, vindo a falecer em 1905 (ou 1903). Foi presidente da Câmara Municipal de Cambuí, exercendo, cumulativamente, as funções de agente do Executivo. |
− | Foi presidente da Câmara Municipal de Cambuí, exercendo, cumulativamente, as funções de agente do Executivo. | + | |
− | Foi iniciado maçom, conforme informações | + | Foi iniciado como maçom, conforme informações obtidas na internet. |
== Referências:== | == Referências:== |
Edição das 11h14min de 16 de dezembro de 2015
Gustavo Lambert Del Agnolo
José da Silva Figueiredo Caramuru, o Padre Caramuru, nasceu em Paraty, atual Estado do Rio de Janeiro, por volta de 1840.
Polímata, foi sacerdote, político, abolicionista e médico prático, tendo sido uma figura marcante do Município de Cambuí, onde hoje empresta seu nome a uma das ruas centrais dessa cidade.
Nas palavras de um seu descendente - o padre teria tido filhos com mulheres diferentes - seu pai fora um "potentado" do rico porto de Paraty e destinara seu filho ao sacerdócio, vocação a que seguiu mais por obediência do que por devoção.
Caramuru dissera ao pai que não desejava ser padre, pois desejava casar-se, ao que o pai retrucara: e quem te diz que não é possível ser padre e ter mulher? A história - ou anedota - revela a mentalidade que, embora paradoxal, era bastante comum entre o clero brasileiro do século XIX, eminentemente secularizado e político. Era a época do padroado, da qual este padre foi um típico representante.
Após passar por outras paróquias do então bispado de São Paulo, na década de 1870 Caramuru chegou a Cambuhy, onde encontrou clara resistência e ácidas críticas, publicadas e respondidas, inclusive, na imprensa.
Era membro do partido Liberal e abolicionista, tendo alforriado seu escravo.
Numa época em que a medicina era praticamente ausente no interior do Brasil, exercia-a informalmente, auxiliando em partos realizados na extensa zona rural de sua paróquia. Para tanto, valia-se o padre de manuais de medicina, como o de Chernoviz. Um destes, importado da Dinamarca, vaticinava que pertenceria a um de seus descendentes, que se formaria em Medicina. E sua profecia teria se cumprido.
Conforme dito por um outro alegado descendente, retornando o padre de uma viagem, teria se deparado com obras na igreja matriz, promovidas por iniciativa do juiz Carlos Cavalcanti, assassinado em 1923. Irritado, sofreu um mal súbito, vindo a falecer em 1905 (ou 1903). Foi presidente da Câmara Municipal de Cambuí, exercendo, cumulativamente, as funções de agente do Executivo.
Foi iniciado como maçom, conforme informações obtidas na internet.
Referências:
Biogeografia de uma cidade mineira
Registros da Matriz de Cambuhy
Entrevistas informais feitas pelo editor.