Mudanças entre as edições de "Biogeografia de uma cidade mineira"
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A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional aca¬ba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triun¬far no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política. | A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional aca¬ba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triun¬far no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política. | ||
Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a | Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a | ||
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+ | '''Biogeografia de uma cidade mineira''' surge, pelo que se vê, para ficar, para colher louvores e inserir a rica c movimentada história de Cambuí no contexto maior da História de Minas e da História de São Paulo. Sim, de ambos os estados, porque a terra cambuiense se fez e cres¬ceu exatamente nos antigos sítios do Sapucaí e sentiu de perto, ora com temor e angústia, ora com tranqüilidade e renovada esperança, os lances da disputa de divisas que, ao longo de dois séculos, preocupou mineiros e paulistas. | ||
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+ | O plano do trabalho de Levindo Lambert, abrangendo a terra e o homem, a política partidária e o governo, a justiça e a religião, o ensino e a educação, as comunicações e as tradições e costumes, corresponde, pois, ao que de sensato e produtivo se poderia estabelecer para o roteiro histórico de uma comunidade, municipal ou regional. Une quan-tidade à qualidade, varia a perpectiva dos fatos e analisa e sintetiza os dados recolhidos, correlacionando-os, dando--Ihes seqüência e unidade, tornando-os história e numa visão mais ampla, colocando-os em condições de servirem, dora¬vante, como indispensável contribuição para aquilo que pode representar o julgamento do que a terra cambuiense fez para si, para o Sul de Minas, para nosso Estado e até para o Brasil. '''Biogeografia de uma cidade mineira''' pertence, agora, efetivamente ao patrimônio da Historiografia Mineira. Pode. o crítico discutir essa ou aquela conclusão do autor e até impugná-las com êxito, o que é natural em trabalho dessa natureza. Mas o livro de Levindo Lambert pertence merecidamente à Historiografia das Gerais. E em condições de refletir o que é a boa e saudável pesquisa histórica municipal, aquela que se faz com os dados de um município, mas acaba, irresistivelmente, servindo ao Estado e ao País, na medida em que esses expressam o sentir e o viver de suas comunidades de base, aquelas que, desde as metrópoles até os sertões, concretizam a autêntica maneira de ser brasileiro. | ||
== Preliminarmente == | == Preliminarmente == |
Edição das 15h22min de 12 de dezembro de 2015
Levindo Furquim Lambert
À memória de Ney Lambert filho queridíssimo, nascido em Cambuí, tão cedo arrebatado pela morte ao amor de sua família, à amizade de seus colegas, ao apreço de seus concidadãos, à confiança de seus clientes.
Índice
[ocultar]- 1 Cambuí é história
- 2 Preliminarmente
- 3 Capítulo I - Como nasce uma cidade
- 4 Capítulo II - Como vive uma cidade
- 5 Capítulo III - Como se governa uma cidade
- 6 Capítulo IV - Como é exercida a justiça
- 7 Capítulo V - Organizações político-partidárias
- 8 Capítulo VI - Repartições fazendárias
- 9 Capítulo VII - Da educação e ensino
- 9.1 O ensino primário
- 9.2 O ensino primário pela municipalidade
- 9.3 O primeiro grupo escolar de Cambuí
- 9.4 O segundo grupo escolar da cidade
- 9.5 O terceiro grupo escolar da cidade
- 9.6 O ensino rural
- 9.7 O ensino secundário e o ensino particular
- 9.8 Inspecção e assistência técnica escolar
- 9.9 Pioneiros
- 10 Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas
- 11 Capítulo IX - Serviços de utilidade pública
- 12 Capítulo X - Corografia do município
- 13 Capítulo XI - Meios de comunicação
- 14 Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais
- 15 Capítulo XIII - Difusão cultural
- 16 Capítulo XIV - Personalidades ilustres
- 17 Capítulo XV - Tradições e costumes
- 18 Capítulo XVI - Acontecimentos históricos
- 19 Capítulo XVII - Associações recreativas
- 20 Capítulo XVIII - Miscelânea
- 21 Capítulo XIX - Minha terra
- 22 Capítulo XX - Hino de Cambuí
- 23 Referências:
Cambuí é história
Oiliam José, da Academia Mineira de Letras)
A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional aca¬ba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triun¬far no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política.
Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a 8 — crítica dos fatos; e valeu-se de uma linguagem clara, direta, c elegante, infelizmente nem sempre amada por nós histo¬riadores, para nos conduzir até o passado de uma terfa, cujos fatos e figuras interessam quer a Minas, quer a $ão Paulo. E, para isso, não teve pressa. Preferiu antes qpro-ueitar a insubstituível vantagem do decurso do tempo e de uma experiência pessoal e profissional que o situa {entre os mais respeitáveis valores humanos e culturais do Estado, desde que iniciou seus estudos primários em Cambuí concluiu seus estudos de farmácia e direito, leu e anotou milhares de textos e obras e, já no plano estadual, fez política, presidiu sindicato, lecionou em colégios e faculdades, dirigiu conservatório de música, ocupou altos cargos de chefia e conduziu com eficiência a Secretaria da Educação, que é teste dos mais difíceis e perigosos para o homem público. E ainda escreveu contos, estudou Machado de Assis e focalizou interessantes aspectos da obra desse surpreendente romancista, fez-se teatrólogo e, com aquela serenidade e de¬dicação de quem sabe o que quer e quer o que sabe, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e à Comissão Mineira de Folclore.
Biogeografia de uma cidade mineira surge, pelo que se vê, para ficar, para colher louvores e inserir a rica c movimentada história de Cambuí no contexto maior da História de Minas e da História de São Paulo. Sim, de ambos os estados, porque a terra cambuiense se fez e cres¬ceu exatamente nos antigos sítios do Sapucaí e sentiu de perto, ora com temor e angústia, ora com tranqüilidade e renovada esperança, os lances da disputa de divisas que, ao longo de dois séculos, preocupou mineiros e paulistas.
O plano do trabalho de Levindo Lambert, abrangendo a terra e o homem, a política partidária e o governo, a justiça e a religião, o ensino e a educação, as comunicações e as tradições e costumes, corresponde, pois, ao que de sensato e produtivo se poderia estabelecer para o roteiro histórico de uma comunidade, municipal ou regional. Une quan-tidade à qualidade, varia a perpectiva dos fatos e analisa e sintetiza os dados recolhidos, correlacionando-os, dando--Ihes seqüência e unidade, tornando-os história e numa visão mais ampla, colocando-os em condições de servirem, dora¬vante, como indispensável contribuição para aquilo que pode representar o julgamento do que a terra cambuiense fez para si, para o Sul de Minas, para nosso Estado e até para o Brasil. Biogeografia de uma cidade mineira pertence, agora, efetivamente ao patrimônio da Historiografia Mineira. Pode. o crítico discutir essa ou aquela conclusão do autor e até impugná-las com êxito, o que é natural em trabalho dessa natureza. Mas o livro de Levindo Lambert pertence merecidamente à Historiografia das Gerais. E em condições de refletir o que é a boa e saudável pesquisa histórica municipal, aquela que se faz com os dados de um município, mas acaba, irresistivelmente, servindo ao Estado e ao País, na medida em que esses expressam o sentir e o viver de suas comunidades de base, aquelas que, desde as metrópoles até os sertões, concretizam a autêntica maneira de ser brasileiro.
Preliminarmente
Capítulo I - Como nasce uma cidade
Área contestada
Cambuí-Velho
Novo Cambuí
Capítulo II - Como vive uma cidade
A freguesia
Representação paroquial
Comércio Indústria
Guarda Nacional
Capítulo III - Como se governa uma cidade
Criação do município
Da administração municipal
Vereadores
Assembléia Municipal
Ainda a Guarda Nacional
Sede da Prefeitura Municipal
Prefeitura e Câmara Municipal
Capítulo IV - Como é exercida a justiça
Juízes de direito
Juízes municipais
Promotores de justiça
Adjuntos de promotores de justiça
Serventuários da justiça
Juízes de paz
Delegados de polícia
Fórum Paiva Júnior
Achegas históricas
Capítulo V - Organizações político-partidárias
Capítulo VI - Repartições fazendárias
Capítulo VII - Da educação e ensino
O ensino primário
O ensino primário pela municipalidade
O primeiro grupo escolar de Cambuí
O segundo grupo escolar da cidade
O terceiro grupo escolar da cidade
O ensino rural
O ensino secundário e o ensino particular
Inspecção e assistência técnica escolar
Pioneiros
Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas
Igreja Católica
Igreja Presbiteriana
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Hospital Ana Moreira Salles
Posto de higiene
Tábua itinerária
Capítulo IX - Serviços de utilidade pública
Água
Luz
Esgoto e lixo
Matadouro
Mercado
Cadeia
Cemitérios
Capítulo X - Corografia do município
Dados geográficos
Orografia
Hidrografia
Ecologia
Limites intermunicipais
Limites interdistritais
Sínteses econômicas
Atividades agropecuárias
Aspectos sociais
O pico de São Domingos
Distrito de senador Amaral
O rio das Antas
Capítulo XI - Meios de comunicação
Correio
Telefone
Telégrafo
Televisão
Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais
Estradas
Limites interestaduais
O Apêndice Mineiro
Solução de limites
Capítulo XIII - Difusão cultural
Imprensa
Bibliotecas
Cinema
Teatro
Bandas de música
Capítulo XIV - Personalidades ilustres
Parlamentares
João Moreira Salles
João Batista Corrêa
João Marinho
Dr. Sílvio Lambert de Brito
Dr. Ney Lambert
Dr. José Guilherme Eiras
Capítulo XV - Tradições e costumes
Folclore
Carros de bois
Tropas de burros
Semana Santa
Festas religiosas
Senhor Fora
Mês de maio
Festa do Córrego
Massacres e matanças
Capítulo XVI - Acontecimentos históricos
Uma revolta popular
A gripe espanhola
As revoluções de 30 e 32
Aspectos sociais
Capítulo XVII - Associações recreativas
Clubes sociais
Clube de campo
Liga esportiva
Capítulo XVIII - Miscelânea
Capítulo XIX - Minha terra
Capítulo XX - Hino de Cambuí
Referências:
Biogeografia de uma cidade mineira, Levindo Furquim Lambert, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 302 páginas, 1973.