Mudanças entre as edições de "Biogeografia de uma cidade mineira"

De Wiki Cambuí
Ir para: navegação, pesquisa
(Capítulo VI - Repartições fazendárias)
(Capítulo XI - Meios de comunicação)
Linha 229: Linha 229:
  
 
=== Correio ===
 
=== Correio ===
 +
 +
O serviço do correio — e porque é meio de comunicação entre os povos — andou tardo e capenga pela vida afora, só agora, felizmente,
 +
conquistando foros de repartição modelar no sistema burocrático brasileiro. Talvez porque lhe faltasse, nos primeiros tempos, o dínamo
 +
propulsor de suas atividades interioranas, que é, na verdade, o veículo que o transporta, alcançou a pouco e pouco a confiança e o
 +
reconhecimento de seus usuários.
 +
 +
Em 1871, um estafela, de Campanha a Camanducaia, visitava, a cavalo, Cambuí nos dias l, 10, 16, 22 e 28 de cada mês, partindo da vila dia
 +
seguinte. Fax até lembrar Sísifo da lenda...
 +
 +
Na vila, um cidadão prestante, querido de todos - Francisco Xavier de Salles - dava-se ao trabalho de recolher e expedir a
 +
correspondência que vinha ou que ia por postalista ambulante.
 +
 +
Falecendo o estimado cidadão em 9 de junho de 1880, a incumbência transitou daqui para acolá, sem eira nem beira, graças aos Simãos Cirineus que pululavam, naqueles tempos longínquos, nas cidadelas do interior. E só em 31 de outubro de 1896, afinal de contas, é oficialmente criada a Agência do Correio na cidade.
 +
 +
Mas — pasme-se! — logo depois é suprimida, embora Maria da Conceição Vale houvesse alcançado sua nomeação para o cargo...
 +
 +
 +
 
=== Telefone ===
 
=== Telefone ===
 
=== Telégrafo ===
 
=== Telégrafo ===

Edição das 17h33min de 12 de dezembro de 2015

Levindo Furquim Lambert

levindo_0.jpg

À memória de 
Ney Lambert
filho queridíssimo, nascido em Cambuí, tão cedo arrebatado 
pela morte ao amor de sua família, à amizade de seus colegas, 
ao apreço de seus concidadãos, à confiança de seus clientes. 

Índice

Cambuí é história

Oiliam José, da Academia Mineira de Letras

A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional acaba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triunfar no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política.

Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a crítica dos fatos; e valeu-se de uma linguagem clara, direta, e elegante, infelizmente nem sempre amada por nós historiadores, para nos conduzir até o passado de uma terra, cujos fatos e figuras interessam quer a Minas, quer a $ão Paulo. E, para isso, não teve pressa. Preferiu antes aproveitar a insubstituível vantagem do decurso do tempo e de uma experiência pessoal e profissional que o situa entre os mais respeitáveis valores humanos e culturais do Estado, desde que iniciou seus estudos primários em Cambuí concluiu seus estudos de farmácia e direito, leu e anotou milhares de textos e obras e, já no plano estadual, fez política, presidiu sindicato, lecionou em colégios e faculdades, dirigiu conservatório de música, ocupou altos cargos de chefia e conduziu com eficiência a Secretaria da Educação, que é teste dos mais difíceis e perigosos para o homem público. E ainda escreveu contos, estudou Machado de Assis e focalizou interessantes aspectos da obra desse surpreendente romancista, fez-se teatrólogo e, com aquela serenidade e dedicação de quem sabe o que quer e quer o que sabe, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e à Comissão Mineira de Folclore.

Biogeografia de uma cidade mineira surge, pelo que se vê, para ficar, para colher louvores e inserir a rica e movimentada história de Cambuí no contexto maior da História de Minas e da História de São Paulo. Sim, de ambos os estados, porque a terra cambuiense se fez e cresceu exatamente nos antigos sítios do Sapucaí e sentiu de perto, ora com temor e angústia, ora com tranqüilidade e renovada esperança, os lances da disputa de divisas que, ao longo de dois séculos, preocupou mineiros e paulistas.

O plano do trabalho de Levindo Lambert, abrangendo a terra e o homem, a política partidária e o governo, a justiça e a religião, o ensino e a educação, as comunicações e as tradições e costumes, corresponde, pois, ao que de sensato e produtivo se poderia estabelecer para o roteiro histórico de uma comunidade, municipal ou regional. Une quantidade à qualidade, varia a perspectiva dos fatos e analisa e sintetiza os dados recolhidos, correlacionando-os, dando-lhes seqüência e unidade, tornando-os história e numa visão mais ampla, colocando-os em condições de servirem, doravante, como indispensável contribuição para aquilo que pode representar o julgamento do que a terra cambuiense fez para si, para o Sul de Minas, para nosso Estado e até para o Brasil. Biogeografia de uma cidade mineira pertence, agora, efetivamente ao patrimônio da Historiografia Mineira. Pode. o crítico discutir essa ou aquela conclusão do autor e até impugná-las com êxito, o que é natural em trabalho dessa natureza. Mas o livro de Levindo Lambert pertence merecidamente à Historiografia das Gerais. E em condições de refletir o que é a boa e saudável pesquisa histórica municipal, aquela que se faz com os dados de um município, mas acaba, irresistivelmente, servindo ao Estado e ao País, na medida em que esses expressam o sentir e o viver de suas comunidades de base, aquelas que, desde as metrópoles até os sertões, concretizam a autêntica maneira de ser brasileiro.

Preliminarmente

Dois capítulos desta obra modesta e despretensiosa reclamam palavras explicativas.

O primeiro, que tem o título "Como nasce uma cidade" e subtítulo "Área Contestada", procura situar o povoado nascente na região disputada por paulistas e mineiros, já que a decisão de limites, consolidando a demarcação Rubim, só se efetivou em 1936.

Até então, as perlengas entre os dois Estados, constantes e irritantes, às vezes, criavam um ambiente de certo constrangimento não só nos escalões superiores da administração e da política, como, por igual, nas populações lindeiras.

Enfim, a margem esquerda do Sapucaí, a despeito da linha divisória estabelecida pelo preposto de Bobadela, era ainda permanente motivo de contestações em vários de seus pontos.

E Cambuí estava nessa área.

O segundo capítulo em causa tem relação estreita com o primeiro comentado. Refere-se, precisamente, aos pontos vulneráveis da linha Rubim, em que os atritos se aprofundavam, dilatando-se pelas circunvizinhanças e despertando animosidades inconciliáveis nas respectivas populações .

E Cambuí, por esse tempo, recebia o influxo da contenda, participando dela, porque cidade e município então satélites de Bragança, centro nevrálgico da liça. Não era e não é município limítrofe, mas seus interesses comerciais

e econômicos se prendiam à região paulista sujeita à controvérsia.

Vem daí a inclusão desses capítulos na estrutura da

obra.

E é só? Não. Estão faltando aqui os versos de Camões:

"Cantando espalharei por toda parte 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte",

possivelmente inspirado no brocardo latino:

"Feci quod potuit, faciant meliora potentes..."

L.F.L.

Capítulo I - Como nasce uma cidade

Área contestada

Cambuí-Velho

Novo Cambuí

Capítulo II - Como vive uma cidade

A freguesia

Representação paroquial

Comércio Indústria

Guarda Nacional

Capítulo III - Como se governa uma cidade

Criação do município

Da administração municipal

Vereadores

Assembléia Municipal

Ainda a Guarda Nacional

Sede da Prefeitura Municipal

Prefeitura e Câmara Municipal

Capítulo IV - Como é exercida a justiça

Juízes de direito

Juízes municipais

Promotores de justiça

Adjuntos de promotores de justiça

Serventuários da justiça

Juízes de paz

Delegados de polícia

Fórum Paiva Júnior

Achegas históricas

Capítulo V - Organizações político-partidárias

Capítulo VI - Repartições fazendárias

1

Os órgãos arrecadadores federal e estadual, incumbidos de executar também os respectivos orçamentos, foram, de início, centralizados numa só repartição.

As transformações políticas que então se processaram no País, proclamada a República, ao mesmo tempo que, em Cambuí, se instalava o Município e se criava a comarca, imobilizaram, de algum modo e por algum tempo, os serviços pertinentes ao setor financeiro. Passado, porém, o impacto reformista, deu-se empenho em que cada setor tivesse executor e execução próprios.

Assim é que, em 27 de junho de 1892, João Batista Ribeiro e Silva toma posse e entra em exercício no cargo de Coletor, cumprindo-lhe arrecadar as rendas federais e esta-duais, conjuntamente. A acumulação de atribuições num só cargo perdura por certo tempo, até a primeira década do século, quando Antônio da Silveira Lambert recebe a exatoria e, logo depois, biparte-se a repartição, transferindo a Luiz de Paiva Carvalho a seção federal, permanecendo Antônio da Silveira Lambert na direção da Coletoria Estadual.

Dissociadas as repartições, para a Coletoria Federal é nomeado José Amâncio da Fonseca, no cargo de escrivão com exercício até 1923, exonerado a pedido. A partir de 22 de fevereiro de 1924 o cargo de escrivão é exercido por Antônio Anastácio de Moraes, que em 1949 é promovido a coletor em substituição a Luiz de Paiva Carvalho, aposentado por implemento de idade.

Em 1957, em virtude de aposentadoria do titular Antônio Anastácio de Moraes, é removido para Cambuí o coletor Esteliano Pereira dos Santos, que logo depois, transmite o cargo, mediante permuta, a João Simões de Carvalho.

Em 1964 processaram-se sérias modificações na organização fazendária federal, transferindo-se os coletores, hoje cxatores, para a antiga Delegacia Regional de Arrecadação, agora também extinta com a criação da Secretaria da Receita Federal.

A exatoria de Cambuí foi anexada ao Posto de Arrecadação da Receita Federal em Pouso Alegre, subordinando-se, por fim, à Delegacia da Receita em Varginha.

Cessa aí, pois, a vida funcional da Coletoria Federal em Cambuí.

2

A Coletoria Estadual funcionou, sem solução de continuidade, desde 1892, quando é nomeado João Batista Ribeiro e Silva, e, a partir da primeira década do século, a cargo de Antônio da Silveira Lambert. A escrivania esteve a cargo de João de Oliveira, Antônio Ornelas e Herculano Afonso Duarte.

Com o falecimento do respectivo titular, em 1935, passa o cargo a Herculano Afonso Duarte e, tempos depois, a João Batista Duarte, tendo como escrivão Aristeu Bueno.

Aposentado o titular efetivo, é o escrivão Aristeu Bueno promovido a coletor. Sucede-o Ademar Cruz e, em seguida, Cândida do Nascimento Paiva, atualmente detentora do cargo.

Seguindo a mesma orientação adotada pelo Ministério da Fazenda, a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais promoveu substanciais modificações nas sistemática fazendária esta¬dual. Assim é que Cambuí é agora sede de uma das Unidades da Fazenda abrangendo os municípios de Bom Repouso, Camanducaia, Cambuí, Córrego do Bom Jesus, Estiva, Extrema, Itapeva, Munhoz e Toledo ,

Por sua vez, a unidade sediada em Cambuí se subordina à Administração Distrital da Fazenda (ADF) com sede em Pouso Alegre, sujeita, por igual, à Superintendência Regional da Fazenda em Varginha (SRF).

As hierarquias se confundem tanto quanto se exercem sob orientação quase idêntica, nos regimes federal e estadual.

3

Esta obra pouco pode divulgar sobre a evolução e a organização da exatoria municipal, dada a impossibilidade de conseguir do titular do momento a relação de seus antecessores na repartição, embora para isso se empenhasse até mesmo por intermédio de pessoas amigas.

Sabe-se de oitiva e por achegas históricas colhidas aqui e ali, que o primeiro cidadão nomeado para gerir a exatoria ao ser instalado o município foi Avelino Cândido de Brito, exonerado a pedido em 7 de abril de 1891, sendo nessa mesma data nomeado seu cunhado Joaquim Xavier de Salles, cujo exercício vai até 29 de maio de 1902, quando no cargo, agora com a denominação de Coletor Municipal, é empossado Francisco José Pereira dos Reis.

Em 15 de maio de 1906 volta Joaquim Xavier de Salles à exatoria, sucedido no correr dos tempos por vários cidadãos, à medida que a Câmara recebe também novo Presidente, já que o cargo é de confiança. Francisco Pedroso de Oliveira, João Sebastião de Salles Fanuchi, Armando Alves Franco, Herculano Duarte de Moraes, Luiz Evangelista Ran¬gel Padilha, entre outros, têm exercício temporário. No momento, chefia a Tesouraria da Prefeitura o servidor Herculano Duarte de Moraes.

A relação é incompleta pelos motivos expostos e a que aí figura não obedece ordem cronológica. Enfim..., fiat volantas tua!

ICM

"A Secretaria de Estado da Fazenda, pela Resolução n.9 271, de 3 de janeiro de 1973, fixou definitivamente os índices percentuais para os municípios, na arrecadação do ICM para 1973. Para o cálculo dos índices foi somada a produção dos 722 municípios e chegou-se à produção anual de todo o Estado. Depois, a produção de cada município foi multiplicada por 100 e o resultado foi dividido pelo total da produção do Estado, obtendo-se o seu índice. ( Do Estado de Minas, de 9 de janeiro de 1973) .

Os índices alcançados pelo município de Cambuí são os seguintes em 1973:

Código: 106

Valor agregado fiscal: Cr$ 1,00 : 3.767,318

Índices percentuais: 0.096,125

Capítulo VII - Da educação e ensino

O ensino primário

O ensino primário pela municipalidade

O primeiro grupo escolar de Cambuí

O segundo grupo escolar da cidade

O terceiro grupo escolar da cidade

O ensino rural

O ensino secundário e o ensino particular

Inspecção e assistência técnica escolar

Pioneiros

Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas

Igreja Católica

Igreja Presbiteriana

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

Hospital Ana Moreira Salles

Posto de higiene

Tábua itinerária

Capítulo IX - Serviços de utilidade pública

Água

Luz

Esgoto e lixo

Matadouro

Mercado

Cadeia

Cemitérios

Capítulo X - Corografia do município

Dados geográficos

Orografia

Hidrografia

Ecologia

Limites intermunicipais

Limites interdistritais

Sínteses econômicas

Atividades agropecuárias

Aspectos sociais

O pico de São Domingos

Distrito de senador Amaral

O rio das Antas

Capítulo XI - Meios de comunicação

Correio

O serviço do correio — e porque é meio de comunicação entre os povos — andou tardo e capenga pela vida afora, só agora, felizmente, conquistando foros de repartição modelar no sistema burocrático brasileiro. Talvez porque lhe faltasse, nos primeiros tempos, o dínamo propulsor de suas atividades interioranas, que é, na verdade, o veículo que o transporta, alcançou a pouco e pouco a confiança e o reconhecimento de seus usuários.

Em 1871, um estafela, de Campanha a Camanducaia, visitava, a cavalo, Cambuí nos dias l, 10, 16, 22 e 28 de cada mês, partindo da vila dia seguinte. Fax até lembrar Sísifo da lenda...

Na vila, um cidadão prestante, querido de todos - Francisco Xavier de Salles - dava-se ao trabalho de recolher e expedir a correspondência que vinha ou que ia por postalista ambulante.

Falecendo o estimado cidadão em 9 de junho de 1880, a incumbência transitou daqui para acolá, sem eira nem beira, graças aos Simãos Cirineus que pululavam, naqueles tempos longínquos, nas cidadelas do interior. E só em 31 de outubro de 1896, afinal de contas, é oficialmente criada a Agência do Correio na cidade.

Mas — pasme-se! — logo depois é suprimida, embora Maria da Conceição Vale houvesse alcançado sua nomeação para o cargo...


Telefone

Telégrafo

Televisão

Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais

Estradas

Limites interestaduais

O Apêndice Mineiro

Solução de limites

Capítulo XIII - Difusão cultural

Imprensa

Bibliotecas

Cinema

Teatro

Bandas de música

Capítulo XIV - Personalidades ilustres

Parlamentares

João Moreira Salles

João Batista Corrêa

João Marinho

Dr. Sílvio Lambert de Brito

Dr. Ney Lambert

Dr. José Guilherme Eiras

Capítulo XV - Tradições e costumes

Folclore

Carnaval e entrudo

Carros de bois

Tropas de burros

Semana Santa

Festas religiosas

Senhor Fora

Mês de maio

Festa do Córrego

Massacres e matanças

Capítulo XVI - Acontecimentos históricos

Uma revolta popular

A gripe espanhola

As revoluções de 30 e 32

Aspectos sociais

Capítulo XVII - Associações recreativas

Clubes sociais

Clube de campo

Liga esportiva

Capítulo XVIII - Miscelânea

Capítulo XIX - Minha terra

Levindo Lambert


Minha terra pequenina

Plantada numa colina

Nas faldas da Mantiqueira,

E qual a moça bonita

Toda enfeitada de fita

Numa tarde domingueira.


Uma Praça ajardinada

Bem de frente dominada

Por majestosa Matriz.

O doce toque dos sinos

São melodias e hinos

De um povo bom e feliz.


Pelas encostas — subidas

Que mais parecem descidas

Tão boas para se andar.

Por elas cantam serestas

Um noites de lua e festas

Conjugando o verbo amar...


Bem ao pé dessa colina

Serenamente se inclina

O piscoso Rio das Antas.

Banhei-me nas suas águas...

Mergulhei nelas as mágoas

Não sei se poucas e quantas...


Mais ao fundo, uma pedreira

Era do Maneco Moreira

Dos meus tempos de rapaz .

Lembra bem pano de fundo

Do anfiteatro do mundo,

De um mundo feito de paz.


O São Domingos, ao longe,

Parece o crânio de um monge

De grisalha cabeleira.

É sentinela garrida

Da minha terra querida,

Da bela terra mineira.


O viandante que passa

E sobe à esquerda da Praça

Depara logo um solar:

Amplos beirais para a rua,

Parede simples e nua,

Janelas largas para o ar.


Tem essa casa uma história

Cheia de luta e de glória,

- De um tempo que lá se vai.

Ali viveu um herói

(Como a saudade me dói!)

- Viveu ali o meu Pai...


Foi nessa casa vetusta

(Quanta saudade me custa!)

Que eu senti o que era amar. ..

Tive dos pais as carícias,

Dos meus irmãos as blandícias,

Que levei para o meu lar.


Mais abaixo, no entretanto,

(Sinto nos olhos o pranto!)

Uma casa havia outrora.

Nela nasceu minha amada...

Uma esperança alcançada

No descerrar de uma aurora...


Não mais existe essa casa,

Pois é o progresso que arrasa

O Passado e a Tradição.

Mas para mim ela existe,

Na retina me persiste,

Não me sai do coração...


Minha terra pequenina,

Plantada numa colina,

É o paraíso que eu vi.

Engalanada e altaneira,

Bela região -sul-mineira,

O meu querido Cambuí.


Publicado pela Gazeta de Cambuí, de 30-11-1952.

Capítulo XX - Hino de Cambuí

Letra e música de Levindo Lambert


Cambuí, querida terra, idolatrada,

Pedaço mais querido do Sul de Minas,

És bela, és boa, és rica e abençoada,

E tens o encanto das regiões divinas.


Salve, Cambuí,

Terra querida !

A nossa vida

Será por ti !


O solo teu, fecundo, em farta messe,

Nos dá conforto e paz, nos dá riqueza,

E vigorosa e ardente a natureza

em frondes, flores, frutos se enriquece.


Os filhos teus são bons e laboriosos

E são assim na vida - honrando a ti -

O Pátria de nomes tão formosos:

- Brasil, Minas Gerais e Cambuí !

Referências:

Biogeografia de uma cidade mineira, Levindo Furquim Lambert, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 302 páginas, 1973.

ACLAC, patrono Levindo Furquim Lambert