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(A pequena Cambuí)
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Tudo isso se deve à rivalidade política existente à época, entre os botinudos e rabicós, ou seja, da UDN e do PSD. Em dezembro de 1950
 
Tudo isso se deve à rivalidade política existente à época, entre os botinudos e rabicós, ou seja, da UDN e do PSD. Em dezembro de 1950
a cidade foi invadida por homens montados em seus cavalos.
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a cidade foi invadida por homens montados em seus cavalos. Com laços e machados na mão, foram derrubados todos os postes, gerado um grande caos social.
 
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O medo tomou conta dos habitantes que temiam uma nova rebelião ou até mesmo um conflito armado. A Polícia Federal esteve por três vezes na cidade, mas nunca conseguiu chegar aos líderes. Cambuí ficou no escuro durante anos, onde a lamparina e o lampião a gás, iluminavam as noites da cidade.
 
O medo tomou conta dos habitantes que temiam uma nova rebelião ou até mesmo um conflito armado. A Polícia Federal esteve por três vezes na cidade, mas nunca conseguiu chegar aos líderes. Cambuí ficou no escuro durante anos, onde a lamparina e o lampião a gás, iluminavam as noites da cidade.

Edição das 10h41min de 8 de novembro de 2015

Sílvia de Freitas Datovo

Prefácio

Yvone Salles de Oliveira

Sílvia de Freitas Datovo, a Silvinha, como é conhecida, é mineira natural de Machado e cambuiense de alma. Jornalista, amante das artes e da cultura.

Há dezesseis anos encantou-se pela cidade e sua história. Os cambuienses exercem verdadeiro fascínio sobre ela. O que a encanta? A nossa alegria, a capacidade de sonhar e realizar grandes sonhos, a solidariedade de seu povo, a conquista de sua hegemonia social. Saborear as histórias de seu livro é uma satisfação, elas nos invadem a memória, nos trazem de volta ao passado. Com um olhar aguçado da realidade, ela consegue transmitir sentimentos e emoções, em uma linguagem leve e informal. Os relatos são históricos: pertencem a um povo e a um momento da vida desse povo. Contando a história do Clube Literário, consegue entrar em nossas vidas, em nosso passado, onde as imagens aflorarão em nossas mentes, transportando-nos a infância e adolescência. Eis a nossa história, mesclada a tantas outras.

A escolha do nome A Menina dos Olhos segundo a autora, foi devido a representatividade que o Clube Literário exerce sobre as pessoas da cidade. Os sentimentos se misturam: amor, ciúmes,raiva e orgulho, que só as pessoas apaixonadas possuem.

Os vazios, você pode preencher com as suas palavras, a sua história. Porque você é que faz com que cada gesto, palavra, emoção ou presença seja importante, especial e único.

Assim, o livro “A Menina dos Olhos” se torna uma leitura obrigatória para os cambuienses e para quem mais queira penetrar na cultura de um povo guerreiro, honesto e acolhedor.

Que todos que a lerem possam tocar a magia que transforma palavras em imagens, em recordações de tempos felizes.

Clube Literário e Recreativo de Cambuí: 48 anos de História

enina-mulher, já aos 48 anos, nunca teve dono. Muitos quiseram possuí-la. Ciúmes e intrigas fizeram parte da sua jornada. Caiu muitas vezes, mas como uma equilibrista, conseguiu se manter em pé. Festeira, acolhedora, boêmia, imponente, independente. Fonte de inspiração de poetas e intelectuais, que ao cair da noite nela buscavam refúgio. Envelhecente, já está na maturidade, trazendo consigo muitas cicatrizes de um passado bem vivido. Assim se apresenta a todos, pois a todos eles pertence. Ela é da cidade, é do povo, ela é a Menina dos Olhos de Cambuí.

Ao som do Bolero, da Valsa, Bossa Nova, Jovem Guarda, Tropicália, MPB, Sertanejo, Rock-in-Roll, Axé, a Menina cresceu. Acompanhou todas as fases do crescimento e da tecnologia, sempre tentando evoluir juntamente com a história e como foi longa e conturbada esta história! Marcada por disputas e controvérsias, a Menina soube surgir, imergir da vanguarda, das dificuldades. Em silêncio marcou seus passos - pequenos, porém, indeléveis. Nela surgiram amores, alegrias, amargores.

Quantas vidas, quantos primeiros beijos, quantos primeiros olhares, quantas súplicas, quantas declarações de amor, quantas comemorações amalgamam-se entre suas paredes.

Foram muitas.

Uma história recheada de suspiros, de medos, de silêncio e riso. De som, de abraços, de suor e cerveja. Uma história singular, profunda. Uma história de homens e suas idéias. De pessoas e seus sonhos. De dificuldades.

Uma história que a todos convidamos submergir, buscando rostos e lembranças, pois nós somos essa história.

A pequena Cambuí

Em uma cidade tipicamente mineira, que de tão pequena, poderia ser apenas mais uma no mapa de Minas, sem eira e nem beira. Mas, não foi o que aconteceu, devido à sua força política, social e cultural na década de 50. Cambuí sempre foi o reduto dos artistas, berço de poetas e seresteiros que com suas melodias, aqueciam as noites e os corações de seus moradores.

A praça com suas árvores, seu sino, sua igreja e seus bancos era o ponto de encontro de todos os jovens e sonhadores da cidade. Ali, muitos planos e muitos sonhos foram alimentados. E foi num banco da Praça, entre conversas informais, que surgiu a ideia de se fundar um Clube. Sonho de alguns, privilégio de todos.

Em um cenário multicolorido, mesclado com mil cores e sabores, do mais doce ao mais amargo, em uma terra de contrastes, onde o velho e o novo se misturam. Na qual a religiosidade e a política eram questão de honra; onde a palavra ou, um fio de bigode valia muito mais do que qualquer documento. A fidelidade partidária e a crença faziam dos cambuienses pessoas simples, mas com princípios e opiniões formadas, democraticamente imbatíveis. Cercada de mistérios e contradições, a cidade cresceu. Neste clima de realidade e fantasia, começamos a caminhar no contexto histórico e político da década de 50.


A história começa como num roteiro de cinema, com um cenário de filme do velho-oeste americano, no qual as crenças e a fidelidade partidária refletiam a honra do homem de bem. Por causa da política, da ambição e o jeito arrojado destes mineiros, a cidade que possuía apenas 2.214 habitantes, era privilegiada com 2 cinemas, 2 alto-falantes, 2 jornais, 2 campos de futebol.

Tudo isso se deve à rivalidade política existente à época, entre os botinudos e rabicós, ou seja, da UDN e do PSD. Em dezembro de 1950 a cidade foi invadida por homens montados em seus cavalos. Com laços e machados na mão, foram derrubados todos os postes, gerado um grande caos social.

O medo tomou conta dos habitantes que temiam uma nova rebelião ou até mesmo um conflito armado. A Polícia Federal esteve por três vezes na cidade, mas nunca conseguiu chegar aos líderes. Cambuí ficou no escuro durante anos, onde a lamparina e o lampião a gás, iluminavam as noites da cidade.

Depois de tantos transtornos, de tantas brigas políticas e desavenças, os partidos uniram-se para criar uma obra em prol de todos: o Clube Literário e Recreativo de Cambuí, um local onde Botinudos e Rabicós pudessem lutar pelo mesmo ideal. A partir de um sonho, idealizaram um projeto e buscaram meios para concretizar a obra.

Enfim, o Clube

E assim, no dia 29 de março de1956, no Paço Municipal, reuniram-se os 40 sócios fundadores, tomando posse à 1ª diretoria, tendo como Presidente Antônio Paulino de Abreu e vice-presidente, Geraldo Cypriano de Moraes. No mesmo dia foi criado o 1º Estatuto do Clube e encaminhado um requerimento ao prefeito Álvaro de Morais Navarro, solicitando a doação do antigo Grupo Escolar Dr. Carlos Cavalcanti, localizado na Praça Coronel Justiniano, para a sede do Clube.

No dia 7 de abril de 1956, a Câmara Municipal de Cambuí aprovou a doação do antigo Grupo Escolar Dr Carlos Cavalcanti ao Clube, medindo 25,60 (frente) por 37,30 metros (comprimento), equivalente a 954 metros quadrados. A diretoria comprometeu-se a contribuir com Cr$150.000,00 (cento e cinqüenta mil cruzeiros) como auxílio para a construção da escola em outro local. Feita a permuta, a escola Dr Carlos Cavalcante mudou-se ao lado da Prefeitura e o Clube começou a funcionar no prédio da Escola.