Mudanças entre as edições de "Biogeografia de uma cidade mineira"
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== Capítulo I - Como nasce uma cidade == | == Capítulo I - Como nasce uma cidade == |
Edição das 15h33min de 12 de dezembro de 2015
Levindo Furquim Lambert
À memória de Ney Lambert filho queridíssimo, nascido em Cambuí, tão cedo arrebatado pela morte ao amor de sua família, à amizade de seus colegas, ao apreço de seus concidadãos, à confiança de seus clientes.
Índice
[ocultar]- 1 Cambuí é história
- 2 Preliminarmente
- 3 Capítulo I - Como nasce uma cidade
- 4 Capítulo II - Como vive uma cidade
- 5 Capítulo III - Como se governa uma cidade
- 6 Capítulo IV - Como é exercida a justiça
- 7 Capítulo V - Organizações político-partidárias
- 8 Capítulo VI - Repartições fazendárias
- 9 Capítulo VII - Da educação e ensino
- 9.1 O ensino primário
- 9.2 O ensino primário pela municipalidade
- 9.3 O primeiro grupo escolar de Cambuí
- 9.4 O segundo grupo escolar da cidade
- 9.5 O terceiro grupo escolar da cidade
- 9.6 O ensino rural
- 9.7 O ensino secundário e o ensino particular
- 9.8 Inspecção e assistência técnica escolar
- 9.9 Pioneiros
- 10 Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas
- 11 Capítulo IX - Serviços de utilidade pública
- 12 Capítulo X - Corografia do município
- 13 Capítulo XI - Meios de comunicação
- 14 Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais
- 15 Capítulo XIII - Difusão cultural
- 16 Capítulo XIV - Personalidades ilustres
- 17 Capítulo XV - Tradições e costumes
- 18 Capítulo XVI - Acontecimentos históricos
- 19 Capítulo XVII - Associações recreativas
- 20 Capítulo XVIII - Miscelânea
- 21 Capítulo XIX - Minha terra
- 22 Capítulo XX - Hino de Cambuí
- 23 Referências:
Cambuí é história
Oiliam José, da Academia Mineira de Letras
A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional acaba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triunfar no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política.
Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a crítica dos fatos; e valeu-se de uma linguagem clara, direta, e elegante, infelizmente nem sempre amada por nós historiadores, para nos conduzir até o passado de uma terra, cujos fatos e figuras interessam quer a Minas, quer a $ão Paulo. E, para isso, não teve pressa. Preferiu antes aproveitar a insubstituível vantagem do decurso do tempo e de uma experiência pessoal e profissional que o situa entre os mais respeitáveis valores humanos e culturais do Estado, desde que iniciou seus estudos primários em Cambuí concluiu seus estudos de farmácia e direito, leu e anotou milhares de textos e obras e, já no plano estadual, fez política, presidiu sindicato, lecionou em colégios e faculdades, dirigiu conservatório de música, ocupou altos cargos de chefia e conduziu com eficiência a Secretaria da Educação, que é teste dos mais difíceis e perigosos para o homem público. E ainda escreveu contos, estudou Machado de Assis e focalizou interessantes aspectos da obra desse surpreendente romancista, fez-se teatrólogo e, com aquela serenidade e dedicação de quem sabe o que quer e quer o que sabe, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e à Comissão Mineira de Folclore.
Biogeografia de uma cidade mineira surge, pelo que se vê, para ficar, para colher louvores e inserir a rica e movimentada história de Cambuí no contexto maior da História de Minas e da História de São Paulo. Sim, de ambos os estados, porque a terra cambuiense se fez e cresceu exatamente nos antigos sítios do Sapucaí e sentiu de perto, ora com temor e angústia, ora com tranqüilidade e renovada esperança, os lances da disputa de divisas que, ao longo de dois séculos, preocupou mineiros e paulistas.
O plano do trabalho de Levindo Lambert, abrangendo a terra e o homem, a política partidária e o governo, a justiça e a religião, o ensino e a educação, as comunicações e as tradições e costumes, corresponde, pois, ao que de sensato e produtivo se poderia estabelecer para o roteiro histórico de uma comunidade, municipal ou regional. Une quantidade à qualidade, varia a perspectiva dos fatos e analisa e sintetiza os dados recolhidos, correlacionando-os, dando-lhes seqüência e unidade, tornando-os história e numa visão mais ampla, colocando-os em condições de servirem, doravante, como indispensável contribuição para aquilo que pode representar o julgamento do que a terra cambuiense fez para si, para o Sul de Minas, para nosso Estado e até para o Brasil. Biogeografia de uma cidade mineira pertence, agora, efetivamente ao patrimônio da Historiografia Mineira. Pode. o crítico discutir essa ou aquela conclusão do autor e até impugná-las com êxito, o que é natural em trabalho dessa natureza. Mas o livro de Levindo Lambert pertence merecidamente à Historiografia das Gerais. E em condições de refletir o que é a boa e saudável pesquisa histórica municipal, aquela que se faz com os dados de um município, mas acaba, irresistivelmente, servindo ao Estado e ao País, na medida em que esses expressam o sentir e o viver de suas comunidades de base, aquelas que, desde as metrópoles até os sertões, concretizam a autêntica maneira de ser brasileiro.
Preliminarmente
Dois capítulos desta obra modesta e despretensiosa reclamam palavras explicativas.
O primeiro, que tem o título "Como nasce uma cidade" e subtítulo "Área Contestada", procura situar o povoado nascente na região disputada por paulistas e mineiros, já que a decisão de limites, consolidando a demarcação Rubim, só se efetivou em 1936.
Até então, as perlengas entre os dois Estados, constantes e irritantes, às vezes, criavam um ambiente de certo constrangimento não só nos escalões superiores da administração e da política, como, por igual, nas populações lindeiras.
Enfim, a margem esquerda do Sapucaí, a despeito da linha divisória estabelecida pelo preposto de Bobadela, era ainda permanente motivo de contestações em vários de seus pontos.
E Cambuí estava nessa área.
O segundo capítulo em causa tem relação estreita com o primeiro comentado. Refere-se, precisamente, aos pontos vulneráveis da linha Rubim, em que os atritos se aprofundavam, dilatando-se pelas circunvizinhanças e despertando animosidades inconciliáveis nas respectivas populações .
E Cambuí, por esse tempo, recebia o influxo da contenda, participando dela, porque cidade e município então satélites de Bragança, centro nevrálgico da liça. Não era e não é município limítrofe, mas seus interesses comerciais
e econômicos se prendiam à região paulista sujeita à controvérsia.
Vem daí a inclusão desses capítulos na estrutura da
obra.
E é só? Não. Estão faltando aqui os versos de Camões:
"Cantando espalharei por toda parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte",
possivelmente inspirado no brocardo latino:
"Feci quod potuit, faciant meliora potentes..."
L.F.L.
Capítulo I - Como nasce uma cidade
Área contestada
Cambuí-Velho
Novo Cambuí
Capítulo II - Como vive uma cidade
A freguesia
Representação paroquial
Comércio Indústria
Guarda Nacional
Capítulo III - Como se governa uma cidade
Criação do município
Da administração municipal
Vereadores
Assembléia Municipal
Ainda a Guarda Nacional
Sede da Prefeitura Municipal
Prefeitura e Câmara Municipal
Capítulo IV - Como é exercida a justiça
Juízes de direito
Juízes municipais
Promotores de justiça
Adjuntos de promotores de justiça
Serventuários da justiça
Juízes de paz
Delegados de polícia
Fórum Paiva Júnior
Achegas históricas
Capítulo V - Organizações político-partidárias
Capítulo VI - Repartições fazendárias
Capítulo VII - Da educação e ensino
O ensino primário
O ensino primário pela municipalidade
O primeiro grupo escolar de Cambuí
O segundo grupo escolar da cidade
O terceiro grupo escolar da cidade
O ensino rural
O ensino secundário e o ensino particular
Inspecção e assistência técnica escolar
Pioneiros
Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas
Igreja Católica
Igreja Presbiteriana
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Hospital Ana Moreira Salles
Posto de higiene
Tábua itinerária
Capítulo IX - Serviços de utilidade pública
Água
Luz
Esgoto e lixo
Matadouro
Mercado
Cadeia
Cemitérios
Capítulo X - Corografia do município
Dados geográficos
Orografia
Hidrografia
Ecologia
Limites intermunicipais
Limites interdistritais
Sínteses econômicas
Atividades agropecuárias
Aspectos sociais
O pico de São Domingos
Distrito de senador Amaral
O rio das Antas
Capítulo XI - Meios de comunicação
Correio
Telefone
Telégrafo
Televisão
Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais
Estradas
Limites interestaduais
O Apêndice Mineiro
Solução de limites
Capítulo XIII - Difusão cultural
Imprensa
Bibliotecas
Cinema
Teatro
Bandas de música
Capítulo XIV - Personalidades ilustres
Parlamentares
João Moreira Salles
João Batista Corrêa
João Marinho
Dr. Sílvio Lambert de Brito
Dr. Ney Lambert
Dr. José Guilherme Eiras
Capítulo XV - Tradições e costumes
Folclore
Carros de bois
Tropas de burros
Semana Santa
Festas religiosas
Senhor Fora
Mês de maio
Festa do Córrego
Massacres e matanças
Capítulo XVI - Acontecimentos históricos
Uma revolta popular
A gripe espanhola
As revoluções de 30 e 32
Aspectos sociais
Capítulo XVII - Associações recreativas
Clubes sociais
Clube de campo
Liga esportiva
Capítulo XVIII - Miscelânea
Capítulo XIX - Minha terra
Capítulo XX - Hino de Cambuí
Referências:
Biogeografia de uma cidade mineira, Levindo Furquim Lambert, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 302 páginas, 1973.