O gerador de sinais (nas ondas da Nacional)

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As mulheres eram ligadas na Rádio Nacional do Rio de Janeiro por causa das novelas (O drama de cada um) e dos programas de auditório (Paulo Gracindo, César de Alencar). Os meninos por causa dos humorísticos (Balança mais não cai, As piadas do Manduca, PRK-30) e das novelas de aventura (O Anjo, Jerônimo, o herói do sertão). Os homens fingiam que não gostavam, mas ouviam também, além do esporte e do noticiário.

Mas ouvir a Rádio Nacional nem sempre era possível. Transmitidas em AM ondas curtas, 980 kHz, as ondas da PRE-8 tinham que sair da antena no Rio, bater na ionosfera a partir de 60 quilômetros de altura, voltar para a terra e voltar de novo para a ionosfera e assim em zigue-zague. Chuvas nesse caminho com muitas nuvens e raios e, por cima, as tempestades solares, interferiam nas transmissões. O ideal era ouvir à noite sem chuva, quando se podia pegar com nitidez, por exemplo, A Voz da América, de Washington, e a BBC, de Londres.

Meu avô Lázaro Silva possuía na sua oficina de rádio (O laboratório do Dr. Satã) um gerador de sinal que, gerava sinais de rádio em várias frequências e formatos. Os sinais eram injetados de um lado dos circuitos e se media o que saia do outro, de forma a determinar se os circuitos estavam com defeito ou não.

Um dia disse pro meu avô, repetindo o tinha ouvido de várias pessoas:

- Vô, o povo de tá dizendo aí que, o dia que o senhor cisma, o senhor liga o gerador de sinal aí e mulher nenhuma ouve novela aqui em Cambuí.

Ele riu muito, achou a maior graça.

Mas não confirmou. Nem desmentiu.

Abaixo, vô Lázaro no Laboratório do Dr. Satã e o gerador de sinais (foto de Lázaro Silva, Fio).

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