Biogeografia de uma cidade mineira

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Levindo Furquim Lambert

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À memória de 
Ney Lambert
filho queridíssimo, nascido em Cambuí, tão cedo arrebatado 
pela morte ao amor de sua família, à amizade de seus colegas, 
ao apreço de seus concidadãos, à confiança de seus clientes. 

Índice

Cambuí é história

Oiliam José, da Academia Mineira de Letras)

A história local ou regional, porque mais próxima, tanto no espaço como no tempo, de quem a escreve, oferece a esse vantagens que lhe tornam menos penosa a pesquisa e mais rápida a conceituação dos fatos, na medida em que esses deixaram rastros em documentos ou se fixaram na tradição bem apreendida e razoavelmente conservada e transmitida. Contudo, a perspectiva para a análise desses fatos se torna, no caso, mais sujeita a imprecisões, desvios ou distorções. Daí o muito que a história local ou regional aca¬ba exigindo de quem a ela se entrega com o ânimo consciente de manter-se fiel aos acontecimentos e de interpretá-los, como necessidade inelutável, à luz da boa e segura exegese. É, respeitada a relatividade e a natureza das coisas, mais fácil ser um historiador nacional ou internacional, que triun¬far no limitado mas árduo campo da história de uma região, cidade ou entidade social, econômica ou política.

Porque ciente dessas verdades e buscando concretizá-las nos homens, coisas e acontecimentos de sua terra natal, Cambuí, Levindo Lambert conseguiu superar as dificuldades indicadas e oferecer a Minas um trabalho histórico bem estruturado e, mais seguramente ainda, concluído. Para tanto, buscou os arquivos e os autores, examinou-lhes os documentos e as obras e os sintetizou com segurança; ouviu a tradição e expurgou-a daquilo que poderia torná-la inaceitável; respeitou a justa medida entre a narração e a 8 — crítica dos fatos; e valeu-se de uma linguagem clara, direta, c elegante, infelizmente nem sempre amada por nós histo¬riadores, para nos conduzir até o passado de uma terfa, cujos fatos e figuras interessam quer a Minas, quer a $ão Paulo. E, para isso, não teve pressa. Preferiu antes qpro-ueitar a insubstituível vantagem do decurso do tempo e de uma experiência pessoal e profissional que o situa {entre os mais respeitáveis valores humanos e culturais do Estado, desde que iniciou seus estudos primários em Cambuí concluiu seus estudos de farmácia e direito, leu e anotou milhares de textos e obras e, já no plano estadual, fez política, presidiu sindicato, lecionou em colégios e faculdades, dirigiu conservatório de música, ocupou altos cargos de chefia e conduziu com eficiência a Secretaria da Educação, que é teste dos mais difíceis e perigosos para o homem público. E ainda escreveu contos, estudou Machado de Assis e focalizou interessantes aspectos da obra desse surpreendente romancista, fez-se teatrólogo e, com aquela serenidade e de¬dicação de quem sabe o que quer e quer o que sabe, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e à Comissão Mineira de Folclore.

Biogeografia de uma cidade mineira surge, pelo que se vê, para ficar, para colher louvores e inserir a rica c movimentada história de Cambuí no contexto maior da História de Minas e da História de São Paulo. Sim, de ambos os estados, porque a terra cambuiense se fez e cres¬ceu exatamente nos antigos sítios do Sapucaí e sentiu de perto, ora com temor e angústia, ora com tranqüilidade e renovada esperança, os lances da disputa de divisas que, ao longo de dois séculos, preocupou mineiros e paulistas.

O plano do trabalho de Levindo Lambert, abrangendo a terra e o homem, a política partidária e o governo, a justiça e a religião, o ensino e a educação, as comunicações e as tradições e costumes, corresponde, pois, ao que de sensato e produtivo se poderia estabelecer para o roteiro histórico de uma comunidade, municipal ou regional. Une quan-tidade à qualidade, varia a perpectiva dos fatos e analisa e sintetiza os dados recolhidos, correlacionando-os, dando--Ihes seqüência e unidade, tornando-os história e numa visão mais ampla, colocando-os em condições de servirem, dora¬vante, como indispensável contribuição para aquilo que pode representar o julgamento do que a terra cambuiense fez para si, para o Sul de Minas, para nosso Estado e até para o Brasil. Biogeografia de uma cidade mineira pertence, agora, efetivamente ao patrimônio da Historiografia Mineira. Pode. o crítico discutir essa ou aquela conclusão do autor e até impugná-las com êxito, o que é natural em trabalho dessa natureza. Mas o livro de Levindo Lambert pertence merecidamente à Historiografia das Gerais. E em condições de refletir o que é a boa e saudável pesquisa histórica municipal, aquela que se faz com os dados de um município, mas acaba, irresistivelmente, servindo ao Estado e ao País, na medida em que esses expressam o sentir e o viver de suas comunidades de base, aquelas que, desde as metrópoles até os sertões, concretizam a autêntica maneira de ser brasileiro.

Preliminarmente

Capítulo I - Como nasce uma cidade

Área contestada

Cambuí-Velho

Novo Cambuí

Capítulo II - Como vive uma cidade

A freguesia

Representação paroquial

Comércio Indústria

Guarda Nacional

Capítulo III - Como se governa uma cidade

Criação do município

Da administração municipal

Vereadores

Assembléia Municipal

Ainda a Guarda Nacional

Sede da Prefeitura Municipal

Prefeitura e Câmara Municipal

Capítulo IV - Como é exercida a justiça

Juízes de direito

Juízes municipais

Promotores de justiça

Adjuntos de promotores de justiça

Serventuários da justiça

Juízes de paz

Delegados de polícia

Fórum Paiva Júnior

Achegas históricas

Capítulo V - Organizações político-partidárias

Capítulo VI - Repartições fazendárias

Capítulo VII - Da educação e ensino

O ensino primário

O ensino primário pela municipalidade

O primeiro grupo escolar de Cambuí

O segundo grupo escolar da cidade

O terceiro grupo escolar da cidade

O ensino rural

O ensino secundário e o ensino particular

Inspecção e assistência técnica escolar

Pioneiros

Capítulo VIII - Instituições religiosas e filantrópicas

Igreja Católica

Igreja Presbiteriana

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

Hospital Ana Moreira Salles

Posto de higiene

Tábua itinerária

Capítulo IX - Serviços de utilidade pública

Água

Luz

Esgoto e lixo

Matadouro

Mercado

Cadeia

Cemitérios

Capítulo X - Corografia do município

Dados geográficos

Orografia

Hidrografia

Ecologia

Limites intermunicipais

Limites interdistritais

Sínteses econômicas

Atividades agropecuárias

Aspectos sociais

O pico de São Domingos

Distrito de senador Amaral

O rio das Antas

Capítulo XI - Meios de comunicação

Correio

Telefone

Telégrafo

Televisão

Capítulo XII - A problemática das comunicações interestaduais

Estradas

Limites interestaduais

O Apêndice Mineiro

Solução de limites

Capítulo XIII - Difusão cultural

Imprensa

Bibliotecas

Cinema

Teatro

Bandas de música

Capítulo XIV - Personalidades ilustres

Parlamentares

João Moreira Salles

João Batista Corrêa

João Marinho

Dr. Sílvio Lambert de Brito

Dr. Ney Lambert

Dr. José Guilherme Eiras

Capítulo XV - Tradições e costumes

Folclore

Carnaval e entrudo

Carros de bois

Tropas de burros

Semana Santa

Festas religiosas

Senhor Fora

Mês de maio

Festa do Córrego

Massacres e matanças

Capítulo XVI - Acontecimentos históricos

Uma revolta popular

A gripe espanhola

As revoluções de 30 e 32

Aspectos sociais

Capítulo XVII - Associações recreativas

Clubes sociais

Clube de campo

Liga esportiva

Capítulo XVIII - Miscelânea

Capítulo XIX - Minha terra

Capítulo XX - Hino de Cambuí

Referências:

Biogeografia de uma cidade mineira, Levindo Furquim Lambert, Imprensa Oficial de Minas Gerais, 302 páginas, 1973.

ACLAC, patrono Levindo Furquim Lambert