ACLAC, patrono José dos Reis

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"Como se guarda uma relíquia num sarcófago santo, o joanopolense guarda, no fundo do seu coração a lembrança dos seus grandes homens"

(José dos Reis, 1958) 


Escrever sobre este homem para mim é um grande orgulho e também um dever, pelo fato de ter dedicado parte de sua vida ao jornalismo e a história, tal qual faço hoje, além de dedicar-se a música, um dos seus grandes feitos. Porém, não é tarefa fácil tendo em vista que o mesmo era um homem das letras, ilustrado e grande conhecedor do nosso idioma nacional, portanto, ficam aqui minhas humildes desculpas por algumas falhas.

José dos Reis nasceu em Cambuí do Estado de Minas Gerais, no dia 21 de setembro de 1899, filho de Jesuíno dos Reis e Ricardina Alves de Moraes. Estudou música e tornou-se pistonista. No ano de 1936 a convite do então prefeito de Joanópolis Antonio Fernandes Cardoso transferiu residência para nossa querida cidade, a fim de ministrar aulas de música e formar uma banda municipal. Entre seus alunos e futuros grandes amigos destacaram-se Francisco Toledano Sanches e João Toledano Sanches que mais tarde também se tornaria maestro.

Neste período, possuindo Joanópolis clubes sociais ligados aos partidos políticos, José dos Reis passa a ser o maestro da “Corporação Musical Nove de Julho”, pertencente ao clube PC (Partido Constitucionalista) que tinha como compositor Olympio Costa. Enquanto que o clube do PRP (Partido Republicano Paulista) manteve sua banda sob o comando do Maestro João Francisco de Paula. A rivalidade entre ambas proporcionava belíssimos espetáculos em nosso coreto, bem como bons e animados bailes.

No entanto no ano de 1938 para a alegria de todos ambas se uniram formando uma das mais belas bandas de Joanópolis, que antecederia a criação da grande Lira Joanopolense (1951).

No inicio residindo em Joanópolis passou a exercer a profissão de barbeiro durante o dia para completar a renda como professor de música, cuja atividade desenvolvia a noite; sendo que mais tarde passou a trabalhar na Prefeitura Municipal na parte de finanças onde também se destacou pela sua competência e caráter.

Apaixonado pela música, ganhou um concurso musical, sendo seu maxixe “Maluco” incluído no disco “Mozart e sua Bandinha – Onde Canta O Sabiá” no ano de 1958, gravado pela RCA Victor.

Em meados de março de 1958 fundou o “Nosso Jornal”, um dos melhores órgãos de imprensa de toda história joanopolense, exímio jornalista, cuidadoso revisor, bom redator e grande cronista. Ao “Nosso Jornal” devemos muito da divulgação e perpetuação da nossa história. Apesar de toda dificuldade financeira conseguiu manter este importante órgão da imprensa até o ano de 1963. No jornalismo ainda foi colaborador do “O Piracaieanse” e a “A Gazeta de Cambuí”, com crônicas, reportagens, contos e poesia.

Ainda nas letras escreveu o livro “João Belisário, sua vida e seus crimes”, publicado em 1955, contando a saga deste matador de aluguel da primeira metade do século passado, na região sul mineira e zona Bragantina, bem como o conto “Desafortunados” - livreto publicado em 1950 - e o livro “Miscelânea” que, infelizmente, não teve a oportunidade de publicar.

Esse grande mestre e profundo colaborador em todos os sentidos do município de Joanópolis, casou-se em 26 de novembro de 1921, em Cambuí, Minas Gerais, com D. Maria Amélia dos Santos (depois conhecida por Maria dos Santos Reis), com quem teve nove filhos: Jabes, Nadir, Jercy, Jessé, Naide, Nereide, Antônia, Jader e Nilza, sendo esses dois últimos naturais de Joanópolis e os demais da cidade de Cambuí, onde residia.

Faleceu em 15 de abril de 1969, aos setenta anos de idade, sendo até hoje lembrado com carinho e admiração pelo nosso povo. Como as palavras tem poder, não poderia deixar de citar um trecho da matéria do jornal Segunda Juventude do ano de 1972, escrito por Alfredo Enio Duarte: “Algum dia quando contemplarmos uma rua ou avenida de Joanópolis, em cuja placa figure o nome de José dos Reis, reverenciaremos o jornalista, o escritor, o maestro, o amante da língua portuguesa e o mais autêntico joanopolense de outras terras”. Décadas mais tarde uma das ruas de nossa cidade passou a ostentar o nome de “Maestro José dos Reis”, bem como a biblioteca da Escola Vicente Camargo Fonseca, desde 24 de junho de 1996 o tem por patrono.

A José dos Reis e família, nosso eterno agradecimento.

Valter Cassalho, em 8 de novembro de 2013