Pitucha, Maria José Alvarenga Andrade

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Zélia Maria Finamor, da ACLAC, em 12 de dezembro de 2015.

O tempo é marcado pelo movimento do relógio que faz passadas todas as coisas... Já se vai bem mais de um século do início do povoado que originou Bom Jesus do Córrego, e já somam 62 anos da emancipação política de nossa Córrego do Bom Jesus.

Esse tempo foi preenchido por muita gente de valor, pessoas íntegras, idealistas, batalhadoras que deram muito de si pelo crescimento de nossa terra que jamais pode se esquecer de cultuar essas memórias, memórias que muito a dignificam.

Há bem pouco tempo, menos de seis meses, nosso município se enlutava com a perda de uma dessas pessoas queridas a quem hoje, no dia do aniversário da cidade, com carinho e gratidão, manifestamos nossa sincera homenagem.

No ano de 1944, dia 19 de julho, nascia em Córrego a menina Maria José Alvarenga, filha da professora Maria do Carmo Nascimento e do senhor Adelino Cândido de Alvarenga. Ainda bem pequenina, por alguma semelhança com a personagem de um livro de histórias – Pituchinha – ganhou o apelido de Pitucha, nome que a conduziu a vida toda.

Depois de concluir o curso primário nas Escolas Reunidas Professor Maximiano Lambert,onde teve por professora minha mãe,Yolanda Coutinho Finamor, foi para o Colégio Sagrado Coração de Jesus, dirigido pela Congregação das Filhas de Jesus, em Bragança Paulista, onde cursou o antigo Ginásio, também o Curso Normal, formando-se professora.

A seguir, na Faculdade Ciências e Letras da Fundação Universidade de Itajubá, habilitou-se em Matemática, tornando-se professora por excelência, acreditando no poder transformador da Educação, sendo agente responsável do conhecimento e da cidadania, defendendo essa bandeira durante 44 anos, nas escolas estaduais Antonio Felipe de Salles de Cambuí e Professor Maximiano Lambert aqui em Córrego.

Edificou sua família na rocha dos verdadeiros valores e bons costumes, transmitindo às filhas e netos, junto com seu companheiro de caminhada, Dázio José Andrade, uma herança que é resultado da convicção de que “educar bem é educar para o bem”.

Desde muito cedo, ainda na juventude, a caridade norteou sua vida. O outro, o pequeno, o necessitado era alvo do seu olhar. Movimentos sociais por ela liberados levavam amor e alegria.

E os teatros de abertura da Festa do Senhor Bom Jesus? Não aconteceriam, não existisse a Pitucha que, na liderança, botava todo mundo pra correr.

Sempre achou tempo para servir e o convite para estar à frente da Secretaria de Educação do Município veio, por último, dar-lhe a oportunidade de mais sonhos tornar realidade... O amor com que cuidou da Escola Municipal Monsenhor Afonso Ligório Rosa, preocupando-se com o ensino-aprendizagem, bem como benfeitorias, reforma, imobiliário, cursos de atualização, também a relação professor-aluno, foi de um desvelo de mãe, de educadora. Seu apoio e luta constantes elevaram o nível do educandário que morou em seu coração.

Recentemente recebeu, com muita alegria, de seus ex-alunos da Escola Estadual Antônio Felipe de Salles, fundadores da ACLAC (Academia Cambuiense de Artes, Letras e Ciências) o convite para ocupar a cadeira 29 da Academia, em sinal de reconhecimento à sua competência e a seu trabalho de educadora.

Pela sua história de vida, temos um exemplo de quem sempre ensinou, não só matemática, mas até receitas culinárias. E ensinar no dizer de Rubem Alves é um exercício de imortalidade. Segundo ele, de alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossa palavra.

E para louvar o tempo vivido por ela e agradecer a Deus o privilégio de nos ter concedido a sua presença, rendemos-lhe a homenagem expressa no poema Cântico II de Cecília Meireles que bem caracteriza sua vida.

 Cântico II 
 Não sejas o de hoje. 
 Não suspires por ontens... 
 não queiras ser o de amanhã. 
 Faze-te sem limites no tempo. 
 Vê a tua vida em todas as origens. 
 Em todas as existências. 
 Em todas as mortes. 
 E sabes que serás assim para sempre. 
 É a passagem que se continua. 
 É a tua eternidade...
 É a eternidade.
 És tu.

Querida πtucha

Antonio do Carmo Salles

Jesus foi um grande Mestre. Com certeza, você quis imitá-lo.

Existe uma grande VERDADE: quem, durante sua EXISTÊNCIA fez de cada dia de sua vida não apenas uma SUCESSÃO de momentos insípidos e sem MAIOR significado, mas viveu cada instante de modo NATURAL, DIFERENTE, RACIONAL e INTEGRAL, certamente obterá a MÁXIMA recompensa, DIRETAMENTE PROPORCIONAL ao bem que praticou: deixar o PLANO físico para habitar uma outra ESFERA, eternizar-se em outra DIMENSÃO, MAIS ELEVADA, TRANSCENDENTE, mas, nem por isso, MENOS REAL.

Com certeza você soube ELEVAR seus bons sentimentos ao EXPOENTE MÁXIMO e se constituiu em um magnífico EXEMPLO. Desenvolveu seu trabalho com seriedade e competência. Viveu em FUNÇÃO da família e da sociedade.

Dotada de mente RACIONAL e MATEMÁTICA, venceu os desafios a que foi submetida e realizou as atividades que lhe eram propostas com seu senso prático e objetivo, LEVANTANDO INDETERMINAÇÕES, propondo SOLUÇÕES para os diversos PROBLEMAS que se apresentaram com uma energia sem LIMITES.

Ao trabalhar em CONJUNTO com outras pessoas, via de REGRA sua PARCELA de contribuição se constituía no ELEMENTO DIFERENCIAL, sempre ativo que sempre SOMAVA suas ideias às dos demais, procurando sempre DIMINUIR as dificuldades, MULTIPLICANDO, quando possível, as ALTERNATIVAS para a SOLUÇÃO das QUESTÕES apresentadas e DIVIDINDO o sucesso com todos os envolvidos. Era sempre FATOR decisivo na obtenção de RESULTADOS POSITIVOS.

Ao desenvolver suas atividades profissionais, sempre com organização e método, propunha a difícil tarefa de promover a UNIÃO dos objetivos, a INTERSECÇÃO dos interesses, a MINIMIZAÇÃO das diferenças e a COMPLEMENTARIEDADE do trabalho e das ideias de todo pessoal envolvido, sempre VALORIZANDO a contribuição individual e, ao MENOS, tentando REDUZIR A ZERO os conflitos, mesmo tendo consciência de que administrar sentimentos humanos COMPLEXOS e interesses diversos é tarefa CONTÍNUA e gigantesca.

Ela soube, como poucos, tratar com IGUALDADE todos os que a vida fez DIFERENTES.

ESTA RELAÇÃO DE INCLUSÃO, essa maneira humanitária de agir era DERIVADA de uma profunda formação cristã. πtucha soube EQUACIONAR e conciliar suas responsabilidades familiares e profissionais com diversos trabalhos voluntários e gratuitos que desenvolveu ao longo do INTERVALO de tempo que durou sua vida.

Agradecemos ao Grande Mestre – o Bom Jesus – pela oportunidade e satisfação que tivemos de poder partilhar FRAÇÕES de nossas vidas com ela, e nos orgulhamos de ter PERTENCIDO ao CÍRCULO de suas amizades e ao ELEVADO NÚMERO dos que puderam usufruir de seus ensinamentos e de sua vivência.

Existem inúmeros motivos para sentirmos tanto sua ausência. Estamos com saudades. Mas só é capaz de sentir saudades quem amou de verdade. “O amor só conhece sua própria profundidade no momento da separação.” (Khalil Gibran)

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Antonio do Carmo Salles é ex-aluno e amigo de Pitucha ea homenageia com este texto carregado de termos matemáticos para demonstrar a influência que ela exerceu em sua vida.