Monsenhor Aristeu Lopes

Dinah Salles Dina, da ACLAC

Monsenhor Aristeu Lopes nasceu em Cambuí, no dia 15 de fevereiro de 1905. Seus pais, Zeca Lopes (José Lopes Pacífico Sobrinho) e Siá Cotinha (Maria Balbina Marques) tiveram seis filhos, sendo Aristeu o caçula. Estudou no Grupo Escolar Dr. Carlos Cavalcanti e aos 13 anos de idade entrou para o Seminário Nossa Senhora Auxiliadora, em Pouso Alegre, onde foi fazer a quarta série do 1º grau, em 1918. Exerceu o sacerdócio por 66 anos, desde que foi ordenado presbítero.

Datas

Ao longo dos anos recebeu a Tonsura por Dom Octávio, em 1925; Ordens menores, também por Dom Octávio, em 1927; o Subdiaconato em São Paulo, no ano de 1928 (ordem imediatamente inferior à de diácono); e o diaconato no mesmo ano, em São Paulo.Monsenhor Aristeu foi ordenado sacerdote por Dom Octávio Chagas de Miranda, em 15 de agosto de 1928, na cidade de Pouso Alegre.

Em 9 de janeiro de 1929 ocupava o cargo de vice-diretor do Ginásio Diocesano; em 10 de janeiro 1931, era promotor e defensor do Vínculo; um mês depois, em 21 de fevereiro de 1931, era responsável pela paróquia de Congonhal; no ano seguinte, em 12 de março de 1932, ocupava o cargo de Cônego Honorário; em 29 de setembro de 1933 era encarregado de Estiva; em 2 de março de 1934, em Cachoeira de Minas; em 20 de fevereiro de 1935, recebeu o título de Cônego Catedrático e Secretário do Bispo.

Em 28 de maio de 1937, era diretor espiritual e professor do Seminário; em 20 de setembro de 1941, foi examinador Pró-Sinodal; em 14 de março de 1942, redator da Semana Religiosa; em 1 de agosto de 1943 passou a Secretário do Bispado; entre os anos de 1955/1957 exerceu seu ministério na Paróquia Nossa Senhora. do Carmo, em Cambuí; em 22 de agosto de 1958 era Juiz Pró-Sinodal e Examinador Pró-Sinodal da Comissão de Música Sacra e Censor Eclesiástico; em 18 de setembro de 1958 era o Camareiro secreto de Pio XII; e finalmente, em 20 de fevereiro de 1959 exerceu o Prelado doméstico.

Cargos

Durante 40 anos trabalhou no Seminário Diocesano, tendo sido Reitor interino por três anos. Além dos cargos já citados, também foi capelão do Hospital Regional de Pouso Alegre e do Hospital Ana Moreira Salles em Cambuí. Sempre residiu no Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre, exercendo as funções de diretor espiritual, professor e parapsicólogo. Foi autor do livro Parapsicologia numa visão divinal, publicado em 1993.Voltou para Cambuí em dezembro de 1993, para descansar e viver ao lado dos familiares.

Os que conviveram com Monsenhor Aristeu afirmam que ele era dotado de uma inteligência privilegiada, era apaixonado pela Bíblia e pela parapsicologia. Maria da Aparecida Cavalcanti Franco, moderadora do Instituto Secular Nossa Senhora da Anunciação, que o conheceu bem de perto, reforça: Monsenhor Aristeu era um exemplo de inteligência, de simplicidade e de doação. Visitava os pobres e os ajudava, sempre. É um cambuiense digno de homenagem!

Última vontade

Em 19 de abril de 1972, ele registrou em cartório um testamento cerrado, que foi aberto anos depois, com as devidas formalidades legais. Nesse primeiro documento, afirmava: As coisas que possuía em vida não foram muitas, por não querer ter muitos apegos na terra, onde ficam todos os meus bens. Registrou também em cartório o Codicilo, ato de última vontade em que revoga o testamento anterior. O Codicilo data de 11 de março de 1986, em que deixou escrito o que gostaria que fosse feito depois de sua morte. Tendo passado muito tempo depois de meu testamento, muitas de suas disposições já caducaram ou tornaram-se obsoletas. É meu desejo, pois, ajuntar a esse meu Testamento este codicilo, como expressão da minha última vontade, revogando todas as disposições em desacordo com este instrumento.

No novo documento, ele declara que todas as suas economias depositadas em bancos deveriam reverter para o Asilo Padre Antônio Pascoal e para a Santa Casa de Misericórdia, ambos de Cambuí. E acrescenta que, caso os depósitos fossem de pouca monta, deveriam ser distribuídos aos necessitados da paróquia de Cambuí. Sua biblioteca poderia ser distribuída gratuitamente entre os colegas do clero e seminaristas do curso Filosófico da Arquidiocese e as roupas e objetos de uso pessoal serem doados aos pobres, a juízo do reitor do Seminário Arquidiocesano. No primeiro testamento a alusão à biblioteca foi redigida de outro modo: Meus livros, os melhores amigos que encontrei, gostaria que ficassem em mãos sacerdotais...

No item 6, deixa um pedido: Se possível, desejo ser sepultado em Cambuí, onde já tenho túmulo perpétuo, junto de meus pais, acrescentando em seguida que não desejava ser sepultado no mesmo dia de sua morte, mas no dia seguinte.E finaliza o documento: Confio à caridade de meus irmãos no sacerdócio sufrágio de minha pobre alma.

Monsenhor Aristeu Lopes faleceu aos 91 anos de idade, no dia 29 de fevereiro de 1996, em Cambuí.Na cidade em que nasceu, seu nome hoje batiza uma rua, uma escola e a Sala Amarela da Casa Paroquial de Cambuí.

Monsenhor Aristeu Lopes (3º da esquerda para direita), em foto tirada em 1941, com o Padre Lúcio Remuzat Rennó, Padre. Vicente Ribeiro, Murilo Gonçalves Torres, Padre. Antônio Pascoal, Monsenhor Afonso Ligório Rosa e Padre. Joaquim de Oliveira Noronha (todos vigários de Cambuí).