O herói
À noite, a professora, odiada por todos e cuja matéria não tinha a menor importância, está rezando sozinha na Igreja. O coroinha, seu aluno, percebe o lance – apaga as luzes, fecha a Igreja e vai embora pelo Buraco Quente.
A professora entra em pânico, grita muito, consegue chegar perto de uma porta, alguém ouve na rua e, por fim, é salva pelo Juca do Padre, o sacristão, que tem cópia das chaves.
O coroinha é pressionado, mas jura por Deus, por tudo que é mais sagrado, pelas almas da mãe e do pai, que não viu a professora rezando na Igreja, a missa já tinha acabado, pensou que todo mundo tinha ido embora.
Mas o pior foi no recreio no outro dia no Grupo Escolar Dr. Carlos Cavalcanti. A dupla de primos, que estavam sempre juntos, deu a maior prensa:
- Pô, cara, você, hem? Prendeu a professora na Igreja e nem me chamou pra ajudar. Eu moro aqui na praça, podia ter me chamado.
- E eu, cara? Sou seu vizinho. Custava também me chamar? Você é egoísta, você só pensa em você.
Os primos morreram de inveja do herói.